segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PORTAS

Do lado de fora dessa porta mora uma frustração,
uma tentativa fracassada de diálogo,
uma falta de direção.
Mora uma lembrança triste,
uma busca incessante de apoio que não existe.
Mora ali no cômodo ao lado, em um lugar imaginário,
em um universo paralelo,
alguma coisa que não se coloca,
que não se convida, não se põe à disposição.

Do lado de fora dessa porta moram irmãos siameses,
um monstro e um doente,
queimando no próprio ódio,
sufocando na própria solidão.

Divididos por uma parede,
amores desencontrados,
náufragos viajantes,
desilidudos e perturbados.

Do lado de fora dessa porta mora esse barulho,
Mora essa presença que é ausência,
mora esse algo que não se tem
mas que teme se perder!

Do lado de dentro dessa porta,
alguém com espírito peregrino
faz refém seu próprio destino,
transformando lágrimas em palavras,
reinventando os fatos e o sentido,
perdendo a noção do perigo...

Só pode restar que um dia a porta se abra,
e promova algum tipo de encontro,
promova algum tipo de paz,
algum tipo de morte
e traga com isso um pouco de sorte.

E enquanto almas se dividem por portas,
Sonhos se dividem com perdas.
Pedras se colocam em ambos os caminhos,
que solitários, não movem moínhos.

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