segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

TALVEZ ELA SANGRE

Talvez ela corte os pulsos
para sangrar nas suas roupas,
para manchar os seus livros,
pintar de vermelho suas coisas todas,
e todas as coisas que não deu ouvidos!

Talvez ela corte os pulsos
e saia andando pela casa,
e saia voando pela janela,
e caia seu corpo no meio da sala,
e caia sua vida com a vida dela...

Talvez ela corte os pulsos,
e deixe um bilhete para a família,
para nunca mais ouvir seus passos,
nunca mais ouvir seu silêncio,
nunca mais carregar seus fracassos,
nem mais revidar seus tormentos!

Talvez ela fique louca,
talvez ela faça isso hoje,
talvez ela faça isso nunca!
Mas talvez ela deixe você,
e não precise mais querer morrer
nem queira mais precisar viver.

Talvez ela corte mesmo os pulsos,
e deixe você com a culpa,
e sangre por toda a casa,
e entregue você aos fantasmas,
e sangre nas suas coisas,
para que lembre do que não fez,
lembre do que não foi,
lembre do que não soube,
e do que não se importou,
e assim esqueça tudo que um dia já sonhou.

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